De concessão em concessão, de arreglo em arreglo, vão acabar chegando no bolsa-família, tudo em nome da aliança liberal e suas piscadelas ao mercado... Afinal, foi o gov anterior que aumentou bastante o valor do beneficio como medida eleitoreira... e esses beneficiários são fracotes e sem padrinhos.
Concordo com Moisés Mendes, de fato "todos querem ser Mujica"; vendo a linda campanha de Maria do Rosário, lembrei que antes de ser Mujica eu sempre quis (e quero) ser Olívio Dutra!
Lula: a vontade de criar mundos por meio do verbo e a pregação de fé na vitória de Boulos mostram o quanto a atual quadra histórica coage os agentes e líderes políticos a adotar uma espécie de instância teológico-política - já que a razão argumentativa já não é capaz de capturar corações e mentes...
A desenvoltura eficaz de Lira como encarnação salvífica do sistema de 'freios e contrapesos' do liberalismo brazuca permite especular que, se conhecesse o Brasil de hoje, o Barão de Montesquieu teria que dar mais tratos à bola para engendrar nova gambiarra para dar conta dos desatinos institucionais
Boulos resolveu investir na suposição de aspiração popular por 'mudança' para se diferenciar de Nunes. Convém examinar bem o terreno em que pisa, pois como assevera Octávio Paz:«Las masas humanas más peligrosas son aquellas en cuyas venas ha sido inyectado el veneno del miedo, del miedo al cambio».
Ao declarar o STF imexível, "porque funciona", Barroso derrapa no repúdio às investidas suspeitas - e faz jus à objeção da parêmia: "elogio em boca própria é vitupério..." O ministro fala como um bedel, como se encarnasse a mais perfeita tradução contemporânea do "Roma locuta, causa finita"...
É uma peça paradigmática, que deverá ser registrada pela historiografia nacional como emblemática do torvelinho de enganos e empulhações nesta triste quadra da vida nacional.
A PEC de amordaçamento do STF é um exemplo escarrado de investimento da direita na "pós-verdade", pois tenta se justificar na inquestionável crítica ao abuso das decisões monocrãticas para contrabandear disposições cavilosas em prol da supremacia do Legislativo...
Nesse entrechoque entre paixões e interesses, protagonizado pelos conchavos de Nunes-Tarcísio e Marçal, vamos esperar que os fados produzam um vetor resultante infenso a ensejar um consenso - que só poderia ter efeito deletério ao justo desenlace do pleito. Que vença o dissenso e a perfídia!
Vamos esperar que o presidente Galípolo não se entusiasme e credite ao condão e sortilégios do pix o sucesso do oba-oba do centrão nas eleições municipais - como se o pix, obra do BC, fosse assim uma espécie de catalisador e difusor de civismo em nossa laboriosa classe política...