Você começa a chorar. E só então ele vai embora. Imediatamente você para. E pensa: Se essa merda pelo menos rendesse um Oscar…

Ele se abaixa e franze a cara, encarando você como se fosse um filhote de cervo prestes a ser abandonado na floresta.

E faz isso porque sabe que ele vai gostar. Que ele cumpriu todas as funções que você esperava. Então você deveria fazer o mesmo.

Quando ele chega à porta e se vira para dizer: “Sinto muito que as coisas não tenham dado certo entre nós, linda. Mas desejo tudo de bom para você”, você pega o aparelho de telefone do criado-mudo e arremessa na direção dele.

Quando ele levanta da cama e pega o paletó, você percebe que tinha um elemento a mais que não levou em conta. Ele gosta de rejeitar pessoas.

Você se pergunta qual deve ser a sensação de ser homem, de ter essa certeza de que deve ter sempre a última palavra.

Quarenta minutos depois, vocês estão embriagados olhando para a cara um do outro em frente a um altar. Ele promete amar você para sempre.

A primeira coisa que você vai fazer quando chegar em casa, quando isso tudo acabar, é fazer com que ela saiba como é importante, como é linda, como sua vida nem valeria a pena sem ela.

Você torce para que Celia não encoste em nada que tenha uma foto sua. E acha que ela é esperta o suficiente para isso. Que ela vai saber se proteger. Mas não dá para ter certeza.

“A gente acabou de se conhecer, mas acho que não consigo mais viver sem você.” O que ele quer dizer é que acha que não vai conseguir continuar vivendo se não levar você para a cama. E nisso é possível acreditar.