Eu li mais do que devia, sei que ele não se considerava antideutsche e teve toda a briga em torno das revistas, mas em termos práticos apoiava abertamente bombardeio de crianças em Gaza, apesar de torcer o nariz pra Guerra do Iraque e os surtados que consideravam o Sharon uma figura emancipatória
Bom texto, pena que depois ele abandonou qualquer crítica de Israel e apoiou os bombardeios de Gaza, jogou a toalha depois da Segunda Intifada. Dá para achar algo de valor, mas a teoria de antissemitismo dele explica pouco e ifluenciou gente assumidamente anti-palestina como o Kurz e os antideutsche
O que eu acho curioso é que só a esquerda judaica brasileira parece gostar do Postone hoje, enquanto noutros países há um movimento de retomar o caráter universalista e emancipatório do judaísmo profético de pensadores como Spinoza. Já aqui impera esse identitarismo paranoico
Postone não tem nenhuma crítica do sionismo ou de Israel. Ele foi muito bem sucedido em pintar o pior do excepcionalismo judeu, que tradicionalmente era uma bandeira da direita judaica, com jargões marxológicos. Não é a toa que o Kurz e os antideutsche adotaram a teoria dele
Todos os povos são inventandos. De resto é aquilo, identidade judaica existiu de diversas formas por 2500 anos, achar que ela depende de um nacionalismo colonial mais recente que o telefone é incapacidade de pensar além da ideologia liberal-burguesa
O irônico da teoria do Postone é que ela explica bem o sionismo trabalhista e os kibutz: o sonho do hebreu dourado substituindo o iídiche cosmopolita e degenerado pelo trabalho, a terra e a conquista colonial
"Quando eu trabalhei em Israel tinha um guarda druzo". Sujeito fala de outros povos do Levante da mesma forma que um português em Angola falava dos "nativos". E claro, sem a mínima preocupação de conhecer a história e a cultura da pessoa